segunda-feira, 23 de abril de 2018

A culpa não é do Facebook


O Facebook é uma espécie de altifalante inteligente. E só é inteligente porque guarda as nossas pesquisas para as usar e servir-nos o que queremos depois de as misturar por milhares de fornecedores publicitários.
A comunicação é base estrutural na construção social. Saber comunicar tornou-se uma das maiores armas ao dispor do ser humano. O mecanismo escolhido nem sempre é o melhor e dão-se as consequências mais ferozes e desastrosas. Não estará na hora de promover cursos “Como comunicar nas Redes Sociais?”
Bruno de Carvalho é a mais recente vítima das suas próprias publicações. Tem dado mesmo muito que falar e, quando lhe é dada a oportunidade de mostrar algum arrependimento, ainda atiça mais com uma outra publicação. Pois, o resultado só podia ser ‘uma forte dor nas costas’ com tantos apupos e assobios…
Essa enorme rede social a que chamam de ‘Facebook’ também não atravessa a melhor das suas fases. Os dados dos seus utilizadores foram tão apurados que serviram para lançar a confusão nas próprias eleições americanas. Quem pensava que uma plataforma online pudesse ter tamanha influência numas eleições para uma potência mundial?
Não adianta mais tentar tapar o sol com a peneira e pensar que a culpa de tudo isto é do facebook. Pois não é! A culpa é mesmo de todos nós que publicamos lá tudo e sem grandes preocupações. A liberdade tem destas coisas. Se alguém nos limita o que queremos dizer apressamo-nos a culpar de ditadores, mas depois somos nós mesmos que vamos dar as ‘cartas ao inimigo’ de mão-beijada ao expor-nos sem qualquer critério escrupuloso.
Continuaremos a preferir as redes sociais livres e a permitir publicar tudo o que nos vai na alma, mas não podemos deixar de dizer que é fundamental uma aposta séria na formação dos cidadãos para que saibam o que podem e o que não devem publicar para que as suas vidas continuem sem que outros as possam dominar. Cada um tem de ser o seu próprio regulador.
Na verdade, a maioria das redes sociais não são mais do que altifalantes, ou seja, dizem em alto som o que escrevemos baixinho. Não dão mais do que amplitude ao que realmente somos e, certamente, não será por deixar de publicar de um momento para o outro que vamos mudar o nosso comportamento, simplesmente os outros vão saber menos das nossas ações continuadas.
Bruno de Carvalho não é caso isolado. Há por aí tantos outros que usam as redes sociais não só para partilhar as suas opiniões às vezes interessantes, mas também para mandar uns bitaites aos que não os apoiam. Lembram-se das últimas autárquicas em Fafe?
As redes sociais estão ao dispor de todos, mas são poucos os que as sabem utilizar para comunicar. Quem usa as redes sociais para criticar um familiar, uma vizinha, um amigo, um atleta… Só mostra ao mundo que não consegue mais comunicar! E para que haja comunicação é preciso que haja ‘um emissor, uma mensagem e um recetor’ que por sua vez interpreta e dá o seu feedback da mensagem, pois só aí é que há comunicação.